quinta-feira, 16 de maio de 2013


Apresentação

ISSN 2317-8310

A história, nos últimos anos, tem passado por diversos questionamentos acerca de sua função na sociedade, que atingem diretamente o fazer histórico. A função social do historiador é muitas vezes posta em dúvida quanto ao seu caráter e quanto a sua própria existência.
Os sujeitos históricos só existem inseridos em um contexto histórico e cultural. Todo o indivíduo vive estando em constante relação com a realidade social na qual está imerso, construindo-a e sendo por ela construído. Assim, o papel social desempenhado pelas categorias sociais são também construções históricas de determinados contextos.
O historiador realiza seu trabalho a partir das preocupações de sua realidade, imprimindo em seu discurso grande parte de suas posições políticas, ideológicas e sociais, sejam elas para a sociedade ou para um grupo específico. Tendo por objeto, os processos históricos e sociais, este trabalho não fica imune ao abalo dos questionamentos de seus próprios postulados, levando a reformulação de categorias e concepções.
Nesse sentido, a escolha da temática norteadora da Semana de História da UFU em 2011 focou-se na discussão acerca da função social do historiador por entender como imprescindível a reflexão sobre o papel do historiador frente aos desafios de sua profissão e da aplicabilidade desta na sociedade em que este se insere e se posiciona como sujeito social.
Discutir a concepção de historiador faz-se ainda mais pertinente em um momento em que recentemente este debate esteve ampliado no campo social. Em agosto de 2009 foi aprovado no Senado o Projeto de Lei 360 que regulamentou a profissão. A regulamentação profissional e seu caráter expressam determinada concepção social sobre o papel profissional do historiador, estruturada sob as necessidades sociais e econômicas do contexto contemporâneo, sendo necessário refletir sobre suas variantes e especificidades.
Outra medida recente que ampliou o debate sobre a concepção de historiador foi o ofício circular do Ministério da Educação (MEC) de junho 2010, que determina a dissociação obrigatória entre bacharelado e licenciatura em todos os cursos de formação superior em história, onde essas habilitações ainda se mantém unidas. Aos profissionais em formação e em ofício, faz-se fundamental refletir acerca do papel social do ensino de história na formação da consciência histórica dos homens, como elemento central na construção de identidades, na elucidação do vivido e na intervenção social individual e coletiva.
As concepções teóricas e políticas acerca do historiador, e que definem sua função social, estruturam-se dialeticamente na formação destes profissionais. Os currículos de história e suas fundamentações teóricas expressam-se como forma de assegurar um componente comum na estruturação dos cursos e proporcionar perspectivas baseadas em definições fundamentais que devem norteá-los. Assim, a viabilização de espaços que possibilitem reflexões acerca das problemáticas enfrentadas pelos historiadores em seus diversos campos de atuação profissional, envolvendo docentes e estudantes da área, traz fundamentalmente questões sobre a formação acadêmica desse profissional, de forma a prosseguir a discussão curricular de forma crítica, considerando o historiador enquanto sujeito social ativo.
Pensar sobre a função social da escrita, da pesquisa histórica e do ensino de história, como há uma inserção do historiador nas mesmas e quanto sua realidade influi diretamente sobre todos esses pontos, coloca-se de forma necessária, ainda, para a reflexão sobre o papel social da produção acadêmica e da academia, lócus de atuação dos sujeitos profissionais a serem mais amplamente alcançados.